OLIU,
O PEQUENO LENHADOR

A CRÍTICA ESCREVEU :

Fotos Jesús M. Atienza. PUTXINEL·LI. 18/04/2012

‘Oliu, o Pequeno Lenhador’

Embora exista uma parte do espetáculo em que a história é explicada em sombras, Oliu, o pequeno lenhador é fundamentalmente de boneco de "tringle": com uma haste vertical, que sustende o boneco pela cabeça e dois fios para mover seus braços. Pensado para representar em teatros, põe em cena um pequeno estrado de estética muito austera com uma pequena pantalha ao fundo, onde as sombras são projetadas e que tem entradas em ambos extremos para o ingresso dos bonecos.
Nesta sobre cena, Oliu ouve a história que lhe narra o seu pai antes de ir dormir, que, como diz "Cañellas" no início "é um conto dentro de uma história... e uma história dentro de um conto." A narração do pai contém uma série de elementos simbólicos tradicionais: a casa na floresta, três irmãos, o fogo… e acaba, na verdade, em uma recriação do mesmo ato de narrar.
Rocamora Teatre tem um gosto por a narração. Vê-se no ritmo tranquilo com que Carles Cañellas e Susanna Rodríguez cozinham Oliu o pequeno lenhador. Embora haja alguma repetição -mas esta é uma aposta dramatúrgica e nós não vamos discutir-, o conto avança na velocidade exigida pela estreita relação que se estabelece entre quem diz e quem ouve, flui criando uma ligação íntima e consegue que o público leve para casa uma simples –aparentemente- sensação de bem-estar. Toda uma aprendizagem.
Neste processo, Rocamora não só cuida o ritmo, o tratamento dos elementos narrativos tradicionais e o uso de magia, ligada a uma visão viva da floresta e a natureza, mas também a linguagem. Desde os nomes dos "irmãos" Oliu (Oliveiro), Boix (Bucho) e Saüc (Sabugueiro), a explicação da palavra "desencaixar" durante todo o espetáculo há o desejo expresso de usar e fazer viver no espetador infantil uma língua rica em nuances, em justa correspondência com o universo que ele cria. Tudo isso cuida suavemente o público, proporciona-lhes uma experiência que talvez parecesse ser mais típico de outros tempos, mas, a partir daqui, junto com Rocamora Teatre, nós reivindicamos.

Cesc Martínez. PUTXINEL·LI. 18/04/2012